terça-feira, 10 de novembro de 2009

Fotos da Turma de Comércio

Fotos da Turma de Comércio na apresentação da peça: " A diarista quase perfeita", na ACIL com apoio do SEBRAE.






Rua 25 de Março em SP.

Segue reportagem da Revista Exame sobre a Rua 25 de Março em São Paulo.


O mercado brasileiro é isto

Os personagens, os números e as histórias impressionantes da região da rua 25 de Março, em São Paulo. Com 3 000 pontos de venda e quase 20 bilhões de reais por ano, ela é uma metáfora do novo mercado de consumo do país.

Para quem está acostumado com o ambiente asséptico dos shopping centers, o primeiro contato com o lugar é chocante. A sensação que predomina é de sufoco, provocado pela circulação diária de cerca de 400 000 pessoas na região, todas elas zanzando de lá para cá com sacolas nas mãos. Nos meses de novembro e dezembro, esse número sobe para 1 milhão de consumidores, o que dá uma média de mais de dez pessoas por metro quadrado, superior à de um vagão do metrô paulistano nos horários de pico.

Centenas de vendedores ambulantes com tabuleiros de doces na cabeça e funcionários aboletados nas portas das lojas anunciando ofertas como numa feira livre aumentam a balbúrdia na região da rua 25 de Março, no coração de São Paulo, o maior centro de comércio popular do país. Nas lojas, vitrines organizadas, provadores arejados e ar condicionado são luxos raros de encontrar. Alguns pontos não aceitam cartão de crédito ou de débito. Só cheque ou dinheiro.

As origens do comércio da região remontam ao século 19, quando ali eram descarregadas mercadorias importadas, vindas do porto de Santos. Desde o princípio, o local ganhou fama de vender barato, tradição que se mantém até hoje. Em sua maior parte, as ofertas são resultado da grande escala de compras feitas pelo varejo local. Com preços menores, o giro dos produtos é maior -- eis uma regra básica do comércio, válida na 25 de Março ou nas centenas de lojas do Walmart, o maior varejista do mundo. "Uma loja de varejo num bairro normal costuma receber 300 pessoas por dia, e aqui temos mais de 1 000 visitas no mesmo período", diz Bete Rico, de 57 anos, dona da Bijorca, especializada em bijuterias.

Outra explicação, menos nobre, para o fenômeno da abundância de ofertas na 25 é o alto índice de informalidade. Os produtos falsificados são um problema tão grave que, em 2006, a 25 de Março entrou para a lista de paraísos mundiais da pirataria elaborada pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Dos estimados 2 000 camelôs que atuam na região, apenas 74 têm permissão legal para trabalhar -- ou menos de 5% do total. Um dos vendedores legalizados é Tertuliano Lisboa, de 75 anos, dono de uma banquinha numa zona disputada, a esquina da 25 de Março com a Ladeira Porto Geral. "Sei que fui ajudado por Deus para conseguir este ponto", diz ele, que vende por ali colares de pérolas falsas, lenços, brincos e pulseiras. Lisboa não gosta de falar em números, mas quem conhece bem esse tipo de comércio na 25 estima que uma barraca como a dele obtenha uma receita de 10 000 reais por mês.

Fonte: REVISTA EXAME.